segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CHÃO DE ESTEIRA

Lembro que era muito criança
O meu berço uma rede no canto da sala
E uma bacia velha de alumínio amassado
Que em baixo dela ficava

Quando nas madrugadas
A bacia velha aguardava
O costumeiro gotejar tão esperado
Que deixava o meu lençol de sacos molhado

Lembro que quando acordava
Nos seus braços eu já me agasalhava
Como se não precisasse lembrar
Da noite fria que tinha passado

Mulher infinitamente querida
Quero que vivas eternamente em minha vida
Mesmo que só em minhas muitas lembranças
Guardarei para sempre sua imagem santa

Ainda hoje sinto que  zelas meu sono
Acordada ou dormindo povoas meus sonhos
Em um berço rico de lembranças vivas
Da minha infância de saudades tantas

De rosa o berço só tinha a alegria
Porque era numa rede que eu dormia
Mas tinha seus braços que me aquecia
E a felicidade de ter nascido de você um dia

Os meus sonhos eram transparentes
Parecia que tu eras videntes
Não conseguia nada esconder
Sabias tudo mesmo sem eu te dizer

Sinto saudade de tudo que diz respeito a você
Da lenha queimando para o bejú ficar pronto
E eu sentada na esteira estendida no chão
Com um prato de coité na mão

Hoje tenho é muitas lembranças desse tempo bom
Do meu chão de esteira de palha estendida
Do tempo que eu tinha quem mais me amou 
Da minha infância muito bem vivida

Meu berço podia ser um fundo de rede molhado
Mas em tudo existia felicidade
Hoje eu sei que naquela simplicidade
A riqueza maior era ter você do meu lado. 











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