Andei por longos anos
caminhei por muitas estradas
Em algum lugar estampada
Uma placa que indicava
Retorno para casa.
Chegando ao ponto de partida
Tudo que deixei se encontrava
As lágrimas começaram a cair
Voltei e não mais vou partir.
Da porta me aproximei
Parado fiquei a olhar
O velho retrato na parede
Como se estivesse a me esperar
Desbotado como eu
O quadro se mostrava
Contador dos muitos anos
Que nos manteve separados
No canto da sala uma viola
Ainda com suas cordas quebradas
Com certeza a minha espera
De saudades se alimentava.
Tinha um cheiro de fogão
Que das trempas queimada exalavam
Um cheirinho de feijão
Que ali se cozinhava
Esperei no pé da porta
Um convite para entrar
Nada aconteceu
Ficando eu a esperar
Olhei novamente a moldura
Com lágrimas a derramar
Olhando o quadro que mais parecia
Com a imagem de uma rainha.
Calmamente eu entrei
Pertinho dele fiquei
Vacilei quase cair
Acho até que desmaiei
Já quase recuperado
Feito estátua parado
Olhando aquela deusa
Que um dia abandonei.
Sair bem devagar
Na varanda me sentei
Respirei fundo e pensei
Que não devia mais entrar.
Quando de repente um grito
Barulhos de crianças
Pareciam divertindo-se
Eram duas flores do campo.
Por traz de uma caibreira
Surgiu uma linda mulher
Mesmo maltratada pelo tempo
Sua beleza era presente.
Quando ela me avistou
Espanto algum demonstrou
Perguntou-me suavemente,
Porque tanto se demorou?
Te espero a cinco anos
Nunca minha esperança acabou.
Tremendo a admirar,
Aquele amor que um dia
Não sei se por ironia
Não me deixou ficar.
Desviei a atenção
Para as meninas a brincar,
Elas tinham os mesmos rostos
Era de se admirar
Não existia diferença
Que se pudesse notar
E olhando-me sorria
Essa deusa me falou,
São gêmeas percebeu?
Foi voce que me deu.
Quando me abandonou,
Também me presenteou.
De felicidade quase morri,
Foi quando ela me beijou,
Chamando as lindas meninas,
Dizendo papai chegou.
E baixinho no meu ouvido
Com ternura sussurrou
Obrigada por ter voltado
Meu eterno grande amor.
.
,
Nenhum comentário:
Postar um comentário