Seu dotô, vou lhe contar como é que se mora lá no meio
interiô.
Onde tudo é naturá.
No sítio tem de tudo que a natureza nos dá.
A comida é feita à lenha, dos cavaco que se encontra lá.
O rio corre mansinho, parece que vai pará.
O som que faz é suave, como uma flauta a tocá.
Não precisa tecnologia pra gente ter alegria
É tudo no naturá.
Sentado no ribeirinho, se fica a observá
As piaba nadando livre pra lá e pra cá.
Como se estivessem, então, num parque de diversão.
Seu dotô, lá o ar que nós respira chega a doer nos pulmão,
A água que nós bebe não precisa de atenção.
Vem direto lá da fonte, não tem poluição.
Seu dotô, aqui no mato o que cobre nossas terras
São os verdes das campinas nas suas linda serras
E o nosso maior arquiteto que cuida com muito amor
É o nosso criadô.
No sítio ainda não tem nenhuma necessidade de concreto
armado
Que possa ser derrubado se o terremoto irritado
Sacudir nosso lugá.
Os passarinhos daqui só cantam de alegria,
Comem frutas bem fresquinhas
Não são como os daí
Que só vivem a comê comida só de fogão,
Das sobras que cai no chão
E cantam é de tristeza por não ter outra opção.
Seu dotô, aqui o padre faz muita procissão.
E todo domingo tem batizado de montão.
O sino toca sempre que quer chamar atenção
E quando é tempo de festa tem comemoração
.
No sítio se pode vê
Quando o tempo se prepara, avisando que vai chovê.
No campo a bicharada fica toda agitada,
Esperando o primeiro pingo da chuva já preparada,
Prometendo uma grande festa,
Com certeza, bem molhada.
Quando chega a noitinha, o céu todo estrelado
E um pedacinho de lua que tímida vem nos dizê:
“Logo ao amanhacê o sol vai acordar você”.
E não é que de manhã, ele logo está lá.
Dourado e tão quente, que mais parece um pingente
De ouro preso ao pescoço .
São essas coisas dotô, que não posso abandonar.
Faço parte desse quadro, não posso me afastar.
Pois vai ficá um vazio pro pintor completar
Na tela que a natureza veio me presentear.